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Como os notebooks ajudaram a Intel a vencer a AMD

Há apenas dois grandes competidores mundiais no mercado de processadores de alto desempenho: a Intel e a AMD.
Recentemente, a Intel tem apresentado diversos projetos com boas perspectivas, como o processador Quad-core, a já difundida plataforma Santa Rosa e a iminente Montevina, bem como iniciativas em redes WiMax, GPS e computadores de baixo custo. A AMD, por outro lado, anunciou ontem que seu projeto de chip Quadcores sofrerá ainda mais atrasos (o que não é surpresa, pois já se sabia que a AMD está atrasada na pesquisa da tecnologia de chips de 45nm), e, de quebra, saiu da lista das 10 maiores fabricantes mundiais de chips (lista encabeçada, evidentemente, pela Intel).
Isso se reflete não apenas nos resultados de testes comparativos, mas também nas ações das empresas. O gráfico abaixo compara ações da Intel (em azul) e da AMD (em vermelho) ao longo de 2007.






É uma pena. Não apenas porque a redução da concorrência tende a aumentar preços e diminuir o ritmo de inovações, mas também porque a luta Intel x AMD é um espelho, em parte, de outras lutas Davi x Golias, como Explorer x Netscape e Windows x Linux.

Vale a pena lembrar alguns detalhes dessa batalha.
Fundada em 1968, a Intel foi por quase vinte anos apenas mais um dos fabricantes de chips (principalmente memórias), competindo com gigantes como Motorola e Texas Instruments. O grande salto da Intel ocorreu em 1981, quando a IBM lançou despretensiosamente uma linha de computadores pessoais (ver essa breve História dos notebooks) e equipou-os com chips Intel 8088.
Logo, diversos fabricantes copiaram o projeto da IBM, mantendo o processador. A Intel lucrou, investiu em tecnologia e tornou-se a maior empresa fabricante de chips do mundo. Constantes investimentos levaram aos cada vez mais avançados chips 286, 386 e 486. Diversos empresas passaram a produzir chips clone, com desempenho inferior mas com o mesmo nome dos chips da Intel; entre esses clones, estavam marcas como a Cyrix, a Texas, a AMD e outras. Para evitar que os clones se aproveitassem de seu prestígio, a Intel batizou o então 586 de Pentium, e registrou comercialmente a marca.
Aí os clones começaram a definhar, e a Intel começou a repousar em seus louros. Supreendentemente, um dos clones, a AMD, mostrou-se mais resistente. A AMD foi fundada em 1969; como a Intel, viveu algum tempo produzindo memórias; por algum tempo, a AMD foi contratada pela Intel para produzir seus chips de forma terceirizada (o que gerou um dos diversos embates jurídicos entre as empresas).
A partir de meados da década de 90, a AMD investiu agressivamente em cérebros e tecnologia. Em 1996 ela lançou o K5, seu projeto próprio de Pentium (o K refere-se a kriptonita, único elemento que poderia enfraquecer o Super-Homem, referência à Intel). A AMD comprou a concorrente NexGen em 1996, e utilizou o novo conhecimento para lançar o K6 em 1997. A AMD conseguia acompanhar, com atrasos cada vez menores, os passos da Intel; e, ainda melhor, os testes de desempenho mostravam que os chips da AMD estavam cada vez mais próximos dos da Intel.
Até que, em 2003, a AMD superou a Intel. O AMD Athlon 64 foi o primeiro processador de 64 bits para uso comercial. Muitos comemoraram o que parecia o início do declínio da Intel. O gráfico abaixo mostra que, entre 2003 e o início de 2006, as ações da AMD tiveram um sucesso espetacular nas bolsas, subindo mais de 300%, enquanto a Intel manteve-se praticamente estável.

O que fez a AMD? Manteve-se humilde e focada em tecnologia? Não. Ela aumentou os preços dos chips, tornou-se mais inflexível nas negociações e, em vez de conquistar clientes com produtos melhores a preços menores, passou a enfrentar a Intel nos tribunais. Pior: quando a Intel anunciou que daria um passo atrás para otimizar e re-aproveitar a tecnologia do então obsoleto Pentium III, a AMD fez pouco caso e resolveu investir na compra da ATI, uma das líderes da tecnologia de chips de vídeo, que a AMD considerava estratégica.
O que a Intel percebeu, e a AMD não, foi que os notebooks tomariam muito do espaço dos desktops. Os consumidores não estavam querendo mais capacidade de processamento, apenas; o que os consumidores queriam era mais conectividade e mais mobilidade. A Intel redesenhou o Pentium III, e conseguiu um modelo que balanceia capacidade de processamento com baixo consumo, e esse é o modelo necessário para equipar os computadores móveis; foi desse modelo chamado Pentium M que resultou a plataforma Centrino, que equipa a maioria dos notebooks do mercado atualmente.
A AMD ainda é competitiva em chips para desktops, mas os lucros devem vir cada vez mais do mercado de notebooks; isso explica as perspectivas negativas para as ações da AMD. Se a AMD tivesse antevisto a rápida evolução da computação móvel, talvez hoje estivesse muito à frente da Intel.

1 comentários:

Ernane disse...

Jorge, parabéns pelo post cara, ficou ótimo.

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